TERRAS RARAS
As terras raras são um grupo de 17 elementos que possuem propriedades únicas e são essenciais em diversas elementos químicos da tabela periódica, compostos por: 15 elementos da série dos lantanídeos: lantânio (La), cério (Ce), praseodímio (Pr), neodímio (Nd), promécio (Pm), samário (Sm), európio (Eu), gadolínio (Gd), térbio (Tb), disprósio (Dy), hólnio (Ho), érbio (Er), túlio (Tm), itérbio (Yb) e lutécio (Lu). Mais dois elementos quimicamente semelhantes: escândio (Sc) e ítrio (Y).
Atualmente, o Brasil é o segundo país com as maiores reservas de terras raras, possuindo cerca de 23% das reservas globais, enquanto a China lidera com 49%.
Aplicações: Esses elementos são cruciais em várias indústrias, incluindo:
Tecnologia eletrônica (como smartphones e computadores)
Energias renováveis (como turbinas eólicas)
Indústria automotiva (especialmente em veículos elétricos)
As terras raras são, portanto, fundamentais para o desenvolvimento tecnológico e a transição para uma economia mais sustentável.
O cenário da produção de terras raras é dominado por alguns poucos países, com a China historicamente liderando tanto em extração quanto em processamento. No entanto, outros países vêm ganhando destaque e aumentando sua participação no mercado global.
Os maiores produtores de terras raras do mundo, com base nas reservas e na produção recente são:
China detém a maior parte das reservas mundiais e é o maior produtor e processador de terras raras. Em 2024, a China alcançou a extração de 270 mil toneladas.
Brasil é reconhecido por deter uma das maiores reservas de terras raras do mundo, ocupando a segunda posição global em termos de potencial. Brasil sobe para segundo no ranking, com 23% das reservas de terras raras, mas com produção ainda incipiente, de apenas 1%
Cazaquistão país agora conta com o terceiro maior depósito de terras raras do mundo. Uma descoberta recente está movimentando os bastidores dos setores de energia, tecnologia e geopolítica: o Cazaquistão anunciou a identificação de um novo depósito de terras raras, que pode ser o terceiro maior do mundo em reservas totais. A informação foi divulgada por autoridades do país em maio de 2025 e confirmada pelo site especializado Earth.
Vietnã Único país fora do BRICS na lista, o Vietnã é o quarto colocado quando o assunto são terras raras. Embora distante da China, estima-se que o país asiático tenha 20,8% das reservas mundiais. Diferentemente dos chineses, que possuem mais de dois terços da produção global, o Vietnã não aparece sequer no top 5 nesse quesito.
O ESTADO BRASILEIRO QUE MAIS PRODUZ TERRAS RARAS
O estado que se destaca nesse cenário é Minas Gerais. Especificamente na região de Araxá, há uma mina explorada pela Vale que abriga o que é estimado ser o segundo maior depósito de terras raras do Brasil. As projeções indicam a presença de cerca de 450 milhões de toneladas de terras raras e 8,1 milhões de toneladas de metal contido nesse local.
No que diz respeito à produção, embora ainda seja considerada incipiente em comparação com o seu potencial, o país tem buscado expandir suas atividades extrativas e de processamento.
Além de Minas Gerais, outros estados brasileiros também apresentam potencial para a presença de terras raras, incluindo Goiás, Tocantins, Bahia, Paraná, São Paulo, Santa Catarina, Pará, Rondônia, Roraima, Amazonas e Piauí, segundo o Serviço Geológico do Brasil (SGB). A exploração e o desenvolvimento dessas reservas são estratégicos para o país.
A importância econômica das terras raras para um país é multifacetada e estratégica. As terras raras (ETR) são fundamentais para uma vasta gama de tecnologias de ponta, desde eletrônicos de consumo até aplicações de defesa de alta tecnologia.
IMPULSIONADORAS DE INOVAÇÃO E TECNOLOGIA
• Eletrônicos: São essenciais para a fabricação de ímãs superpotentes usados em smartphones, discos rígidos, alto-falantes e telas de alta definição.
• Energias Renováveis: Componentes cruciais em turbinas eólicas e veículos elétricos, como ímãs permanentes de neodímio-ferro-boro (NdFeB), que aumentam a eficiência e reduzem o tamanho dos motores e geradores.
• Defesa: Vital para tecnologias de defesa, incluindo aviões de caça, submarinos, sistemas de mísseis, radares e telêmetros a laser.
• Medicina: Utilizadas em equipamentos de diagnóstico por imagem, como ressonância magnética (MRI), e em tratamentos médicos específicos.
VANTAGEM COMPETITIVA E SEGURANÇA NACIONAL
• Domínio de Mercado: Países que controlam a extração e o processamento das terras raras detêm uma vantagem competitiva significativa na produção de bens de alta tecnologia.
• Independência Tecnológica: Para países que não possuem grandes reservas, garantir o acesso a essas matérias-primas é vital para evitar dependência de outros fornecedores e assegurar a continuidade de suas indústrias estratégicas.
• Cadeias de Suprimentos Resilientes: A diversificação das fontes de terras raras e o desenvolvimento de capacidades de processamento domésticas aumentam a resiliência das cadeias de suprimentos globais contra choques geopolíticos ou interrupções.
• Oportunidades de Investimento: A crescente demanda por terras raras abre oportunidades de investimento em mineração, refino e reciclagem, gerando empregos e impulsionando o crescimento econômico.
A importância estratégica, tanto para o comércio quanto para a defesa, é o que torna as terras raras tão valiosas economicamente para qualquer nação. Portanto, o domínio ou acesso seguro às terras raras é crucial para a competitividade econômica e a segurança nacional.
ARTEFATOS ATÔMICOS
1 Elementos Pesados: Entre os elementos de terras raras, alguns como o gadolínio (Gd) e o disprósio (Dy) são notáveis. O gadolínio, por exemplo, é utilizado em reatores nucleares como um material de controle devido à sua capacidade de absorver nêutrons.
2 Propriedades Físicas: Os elementos de terras raras possuem propriedades físicas e químicas que os tornam úteis em diversas aplicações tecnológicas, incluindo a fabricação de ímãs e componentes eletrônicos que podem ser utilizados em sistemas de monitoramento e controle em instalações nucleares.
3 Defesa e Tecnologia Militar: Embora não sejam usados diretamente na construção de armas nucleares, os elementos de terras raras são essenciais em tecnologias militares avançadas, que podem incluir sistemas de defesa relacionados a armamentos nucleares.
4 Pesquisa e Desenvolvimento: A pesquisa em materiais de terras raras continua a evoluir, e há um interesse crescente em suas propriedades para aplicações em tecnologias emergentes, incluindo aquelas que podem ter implicações na energia nuclear.
Portanto, enquanto as terras raras não são diretamente utilizadas na construção de artefatos atômicos, alguns de seus elementos desempenham papéis importantes em tecnologias relacionadas à energia nuclear e defesa.
A pesquisa em materiais de terras raras continua a evoluir, e há um interesse crescente em suas propriedades para aplicações em tecnologias emergentes, incluindo aquelas que podem ter implicações na energia nuclear.
Os Estados Unidos estão ativamente buscando fortalecer sua produção doméstica de terras raras para atender às demandas de suas indústrias comercial e bélica.
Os Estados Unidos possuem reservas significativas de terras raras, sendo o Monte Brilhante emksjon, no Novo México, um dos depósitos mais promissores do país. Em 2024, a produção de terras raras nos EUA atingiu cerca de 45 mil toneladas, um aumento considerável em relação aos anos anteriores, impulsionado por investimentos federais e privados.
O Departamento de Defesa dos EUA tem investido pesadamente, com mais de $439 milhões em contratos desde 2020, para desenvolver cadeias de suprimentos domésticas de terras raras. Essas iniciativas visam apoiar empresas como a MP Materials, a Lynas USA e a Noveon Magnetics, que estão focadas na separação e refino de elementos de terras raras pesadas (HREE) e leves (LREE), bem como na produção de ímãs de alta performance.
A meta é estabelecer uma capacidade de produção doméstica que reduza a dependência da China, que atualmente domina o mercado global. Um exemplo disso é o plano da MP Materials de aumentar sua capacidade de produção de ímãs de terras raras para 10.000 toneladas métricas, o que é um passo crucial para atender tanto à indústria comercial quanto à de defesa, especialmente em setores como energia renovável e veículos elétricos, além de aplicações militares críticas.
A estratégia dos EUA inclui o desenvolvimento de uma cadeia de suprimentos completa, desde a mineração até a fabricação de ímãs, visando garantir o fornecimento seguro e confiável desses materiais essenciais para a segurança nacional e o avanço tecnológico.
A busca por autonomia na cadeia de suprimentos de terras raras é um objetivo estratégico para os Estados Unidos.
MAPA MOSTRA AS TERRAS RARAS NO BRASIL - Foto Reprodução TV GLOBO
O Brasil, apesar de ter um potencial de produção ainda em desenvolvimento, já emprega elementos de terras raras em algumas áreas chave:
• Indústria Automotiva: As terras raras são usadas em catalisadores para controle de emissões de gases em veículos. O cério (Ce), por exemplo, é um componente comum em catalisadores automotivos, ajudando a reduzir a poluição gerada pelos motores a combustão.
• Tecnologia de Iluminação: Elementos como o európio (Eu) e o térbio (Tb) são utilizados em fósforos para a fabricação de lâmpadas fluorescentes e LEDs de alta eficiência. Esses materiais emitem luz de cores específicas quando excitados, proporcionando iluminação de qualidade e economia de energia.
• Eletrônicos e Telecomunicações: Ímãs permanentes feitos com terras raras, como o neodímio (Nd), são componentes essenciais em motores elétricos, discos rígidos, alto-falantes e equipamentos de telecomunicações. Embora a fabricação desses componentes possa ocorrer em outros países, os elementos de terras raras podem ser importados para linhas de produção no Brasil.
• Pesquisa e Desenvolvimento: Instituições de pesquisa e universidades brasileiras estão ativamente envolvidas no estudo das propriedades e aplicações das terras raras, buscando desenvolver novas tecnologias e processos de extração e beneficiamento mais eficientes e sustentáveis.
• Setor de Defesa: Embora menos divulgado, elementos de terras raras têm aplicações em sistemas de defesa, como em lasers e radares, áreas onde o Brasil também busca avançar. O desenvolvimento e a aplicação de tecnologias que utilizam terras raras no Brasil estão em expansão, com grande potencial para o futuro.
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